Monday, March 26, 2007

A PRIMAVERA

Não vale a pena alimentar tristezas. Não é por isso que a natureza deixa de cumprir a sua função. Vou transformar os momentos maus em algo de bom e se não conseguir deito-os no lixo como fazemos com as coisas velhas e vou procurar coisas novas que me façam feliz.

E agora que a Primavera, apesar do tempo frio, nos brinda com o desabrochar da natureza, com o verde dos campos e com colorido das flores, vou aproveitar esta época para passear e por a vida, sobretudo, a afectiva em ordem.

Hoje estou confusa, não entendo como é que Salazar foi o mais votado como sendo maior português de sempre no âmbito do programa da RTP "Os grandes portugueses".

Presto a minha homenagem a Fernando Pessoa, figura também foi nomeada e que ficou para lá do 5º. lugar, transcrevendo um poema seu alusivo à Primavera

Gosto da poesia de Fernando Pessoa e de um modo especial a que ele escreveu com o pseudónimo de Alberto Caeiro.

"Quando Vier a Primavera

Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,

"Quando vier a Primavera

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é. "

Alberto Caeiro

1 Comments:

Blogger nana said...

" Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta. "

Sophia de Mello Breyner Andresen, essa outra GRANDE portuguesa, tão melhor - porque é mesmo assim - que o ditador que lá puseram no cimo....

boa semana para si.
:o)
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10:18 AM  

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