Campanha para IVG
Mais uma campanha para a despenalização do aborto. Debates, opiniões, umas individuais outras em nome dos que não se sabem exprimir.
Em minha opinião, a questão é muito complexa, mexe com os direitos fundamentais de cada um e está a ser discutida levianamente.
Muitos, querem votem sim ou votem não, não se deram ao trabalho de verificar o que está por detrás de cada decisão.
Alega-se a dignidade da mulher e o direito de dispor do seu corpo e dizem-se mais umas quantas coisas.
Esquecem-se do direito do ser que está para nascer, para mim, o embrião é um princípio de vida autónoma com direito a nascer, apesar de estar fisicamente dependente da mãe.
Os portugueses, de um modo geral, não estão habituados a reflectir e muitos votam, não em consciência, mas sim de acordo com o grupo onde estão inseridos. Tenho verificado os que defendem o sim, muitos deles nem sequer tem filhos. Logo não sabem do que estão a falar.
Sou radicalmente contra o aborto, posso vacilar quando há malformação do feto ou quando a vida da mãe está em perigo, mas a lei existente já prevê essas situações. Não ignoro o drama das mulheres que tomam a decisão de interromper uma gravidez. Quanto a mim deveria haver debates complementares a esta campanha, indicando alternativas de apoio e esclarecimento quanto aos malefícios psíquicos que afectam muitas mulheres de terem abortado e os apoios de instituições que podem ajudar a mulher a tomar a decisão certa.
Sou contra o aborto, mas não sou contra a sexualidade vivida em pleno com o companheiro que se escolheu para viver e onde cada um se respeite mutuamente. Mas essa sexualidade tem de ser acompanhada por um planeamento familiar responsável e eficaz.
Não podemos cair no ridículo como aconteceu em 1982, um Deputado do CDS, na altura, disse uma frase infeliz que origem a muitas piadas.
Não resisto à sua transcrição e a resposta, em poema da saudosa Natália Correia «O acto sexual é para ter filhos» - disse, com toda a boçalidade, o deputado do CDS no debate anteontem sobre legalização do aborto.
A resposta em poema, que ontem fez rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia.
Aqui fica:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão sexual petisco manduca,
temos na procriação prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão de que o viril instrumento só usou - parca ração!
- uma vez.
E se a função faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção, ficou capado o Morgado.
NATÁLIA CORREIA Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982.
Mais uma campanha para a despenalização do aborto. Debates, opiniões, umas individuais outras em nome dos que não se sabem exprimir.
Em minha opinião, a questão é muito complexa, mexe com os direitos fundamentais de cada um e está a ser discutida levianamente.
Muitos, querem votem sim ou votem não, não se deram ao trabalho de verificar o que está por detrás de cada decisão.
Alega-se a dignidade da mulher e o direito de dispor do seu corpo e dizem-se mais umas quantas coisas.
Esquecem-se do direito do ser que está para nascer, para mim, o embrião é um princípio de vida autónoma com direito a nascer, apesar de estar fisicamente dependente da mãe.
Os portugueses, de um modo geral, não estão habituados a reflectir e muitos votam, não em consciência, mas sim de acordo com o grupo onde estão inseridos. Tenho verificado os que defendem o sim, muitos deles nem sequer tem filhos. Logo não sabem do que estão a falar.
Sou radicalmente contra o aborto, posso vacilar quando há malformação do feto ou quando a vida da mãe está em perigo, mas a lei existente já prevê essas situações. Não ignoro o drama das mulheres que tomam a decisão de interromper uma gravidez. Quanto a mim deveria haver debates complementares a esta campanha, indicando alternativas de apoio e esclarecimento quanto aos malefícios psíquicos que afectam muitas mulheres de terem abortado e os apoios de instituições que podem ajudar a mulher a tomar a decisão certa.
Sou contra o aborto, mas não sou contra a sexualidade vivida em pleno com o companheiro que se escolheu para viver e onde cada um se respeite mutuamente. Mas essa sexualidade tem de ser acompanhada por um planeamento familiar responsável e eficaz.
Não podemos cair no ridículo como aconteceu em 1982, um Deputado do CDS, na altura, disse uma frase infeliz que origem a muitas piadas.
Não resisto à sua transcrição e a resposta, em poema da saudosa Natália Correia «O acto sexual é para ter filhos» - disse, com toda a boçalidade, o deputado do CDS no debate anteontem sobre legalização do aborto.
A resposta em poema, que ontem fez rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia.
Aqui fica:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão sexual petisco manduca,
temos na procriação prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão de que o viril instrumento só usou - parca ração!
- uma vez.
E se a função faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção, ficou capado o Morgado.
NATÁLIA CORREIA Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982.
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