Friday, October 12, 2007

Filmes coloridos

O ser humano é uma grande obra de arte e sua vida é, por si mesma, um romance, uma comédia ou um drama. Como dizia a minha tia “a minha vida dava um filme”. Mas os filmes podem contar-nos histórias de amor ou de violência. E a violência tem várias caras: guerra, roubos, maus tratos e sobretudo falta de disponibilidade para o outro.
Tudo isto pode fazer-nos pensar que o mundo está cheio de gente egoísta que só pensa em si.
Penso muitas vezes nisto e penso, de um modo especial, nos doentes hospitalizados, nos idosos que não tem ninguém para comentar a sua vida e a única companhia que tem ou é o televisor ou algum animal de estimação que o ajuda a sentir-se menos sozinho.
Ultimamente tenho ido a lares e hospitais e tenho encontrado alguns exemplos de grande abnegação. E muitas vezes estes gestos vêm do pessoal menos qualificado.
No hospital assisti a uma situação que me marcou pela positiva. Uma encarregada de limpeza entra e com uma voz alta que destoava naquele ambiente hospitalar.
-Boa tarde.
Os doentes e visitas responderam em voz baixa.
-Boa tarde
Enquanto limpava não parava de falar com os doentes e no fim desabafou:
-o meu maior empenho é trazer um pouco de alegria e felicidade aos doentes.
E acrescentou:
-Quando vejo que alguém está só e triste, digo uma das minhas anedotas e sinto-me feliz por conseguir arrancar um sorriso a uma pessoa que está a sofrer.
Outra vez no consultório médico assisti a uma consulta de um idoso, o médico, ainda jovem, tratou-o com todo o carinho como se ele fosse o seu único doente. Entretanto, conversamos e ele dizia-me.
-Sabe, não quero ser médico só para ganhar dinheiro. Quero conhecer a fundo o homem, para poder ajudar o mais possível a humanidade. Creio que aqui está a chave de toda a boa medicina.
Fiquei a pensar nisto e quantos de nós já fomos ao médico e ele nada nos disse da nossa doença limita-se a passar exames e receitas e manda-nos embora como se fossemos coisa insignificante.
Outro dia observei uma jovem adolescente vinha com um grupo de amigos e ao longe vê um velhote com dificuldade de segurar o saco das compras e a bengala, dá uma corrida, tira-lhe o saco das mãos e acompanha-o até à porta de sua casa.
Os exemplos podiam continuar. O que importa é que ainda há muita gente boa e
a vida da humanidade ainda tem muitos filmes coloridos.



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1 Comments:

Blogger nana said...

eu continuo a achar
a acreditar
a saber

que a maior parte "da gente" é boa,
mas há uns quantos que se escondem em medos, inseguranças e muros...
cabe-nos a nós ajudá-los.

...

eu acredito.


beijinho grande.

3:38 AM  

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