Wednesday, November 21, 2007

Dias de chuva

Quando eu era pequena gostava de vir para a rua chapinhar nas poças de água que a chuva deixava nas ruas, sem asfalto, da minha aldeia. Nem imaginam o prazer que essas brincadeiras me davam. E quando a chuva se ia embora e em seu lugar aparecia a geada, essas poças transformavam-se em pontes transparentes e quebradiças que eu teimava em atravessar. Quando chegava a casa não me livrava de um raspanete por chegar toda molhada sujeita a ficar doente, a minha mãe obrigava-me a trocar de roupa e que bem sabia o chá quentinho bebido junto à lareira crepitante. Nestes dias de chuvosos recordo esses tempos com saudade e recordo sobretudo o carinho da minha mãe que não conseguia zangar-se comigo e o colo do meu pai, que nos dias de chuva, estava mais disponível para me mimar. Hoje com mais de cinquenta anos, por vezes, dou por mim a desejar o colinho dos meus Pais. Tive muita sorte os meus Pais eram seres humanos fabulosos.
Espero passar a herança de afectos e valores humanos, que eles me deixaram, para os meus filhos.

3 Comments:

Blogger Marta said...

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11:52 AM  
Anonymous Anonymous said...

Oh, podes crêr que passas a herança! Todos os dias.

Tens muito valor mamã.

12:00 PM  
Blogger a gaja said...

Eu também tenho saudades deles... Lembro-me de ir brincar com a lama (tão macia!) que ficava nessas poças e a avó Lena dáva-me sempre o raspanete. E o avô lá se ria comigo. E eu prometia não voltar a fazer, mas não resistia e, às escondidas... Lama com ela!
A herança dos teus pais é valiosa. O teu papel em nós só pode ser motivo de orgulho para eles, onde quer que estejam. Espero que essa herança continue a ser passada às gerações vindouras. Eu, pelo menos, vou fazer por isso.
És linda, mamã.

4:06 AM  

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