Saturday, April 24, 2021

Centenário da D. Palmira

No dia 15 de Maio a D. Palmira fez 100 anos e fizemos-lhe uma homenagem no dia 18 de Maio.
Foi uma bonita homenagem.
Missa na capela com direito a tuna no final. Seguimos para a associação onde nos aguardava um lanche partilhado. Muitos amigos, muita família e a D. Palmira estava feliz .
No fim da tarde vieram as concertinas e foi um momento mágico. Um amigo antigo que faz parte de um grupo apareceu e fez-se música.

Este acontecimento foi em 2019. Agora não seria possivel , o covid 19 anda por ai e não pode haver ajuntamentos.
A D. Palmira continua bem e no próximo dia 15 de Maio 2021, faz 102 anos. Vamos celebrar o acontecimento de uma forma mais intimista. 



Saturday, February 09, 2019

Só quero ser feliz

Sou a soma das minhas vivências. As alegrias , as tristezas sempre fizeram parte de mim e penso que da maioria das pessoas.
Vivi numa aldeia onde faltava quase tudo. Vivia-se do que a terra dava, muitos andavam descalços, não foi o meu caso.
Nunca me faltou o maior bem que um ser humano pode ter, o amor incondicional dos meus pais.
Quando fui para a escola  descobri um mundo fantástico. Os rios, as serras, as linhas do caminho de ferro que via no mapa pendurado na parede da escola eram coisas de livros. Nunca tinha saído da aldeia, conhecia os montes que a rodeavam  e quanto a rios, conhecia a albufeira do castelo de bode, cuja barragem tinha sido construída por volta dos anos 50 do século 20.
A barragem que beneficiou tanta gente condenou-nos a um isolamento que durou mais de 50 anos.
Gente deslocada para outras terras e para outros países à procura de melhores vidas. Eu não fugi à regra. Com 16 anos fui para Lisboa. No início foi duro. Trabalhei e recomecei os estudos. Na aldeia só era possível ir até à 4ª.classe.
Casei cedo e os estudos mais uma vez foram interrompidos. Não me arrependo, os filhos eram a minha prioridade. A família em primeiro lugar, como me tinham ensinado. Foram tempos muito felizes. Não consigo descrever a alegria que senti quando eles nasciam.
Os filhos cresceram e tomaram conta das suas vidas.
Com mais de 40 anos fui estudar de novo. Tirei uma licenciatura. Sempre gostei de estudar.
Trabalhei, estudei e criei quatro pessoas maravilhosas.
Agora reformada voltei a viver na aldeia que me viu nascer.
A aldeia já não está isolada mas está vazia de pessoas. Talvez faltem empregos qualificados. Gosto do sossego e da vida tranquila que encontro por aqui, os filhos e os netos vem-me visitar com frequência e quando a saudade aperta vou à cidade fazer-lhes uma visita.
A vontade de estudar acompanhou-me sempre e agora faço parte da Universidade Sénior que funciona na sede do Concelho.
Vou vivendo cada vez com mais rugas e cabelos brancos mas, com o sentimento de ter feito o meu melhor nas várias fases da minha vida. Ser feliz dá luta e não dá direito a distrações. Eu tenho muitos momentos felizes.
Todos os dias peço proteção a Deus para mim e para os meus.




Friday, January 25, 2019

Tradições: Matança do porco em terras de Vila de Rei, Castelo Branco

A matança do porco nas aldeias de Vila de Rei, era prática comum em todas as famílias.. A carne salgada e os enchidos confecionados e guardados em talhas de barro com azeite, eram o sustento de toda a família para todo o ano.

Também era uma festa de família e amigos, eram dias de convívio muito saudável. Lembro-me desses tempos com alguma saudade,

O cerimonial era complexo e cheio de simbolismo.
O porco era apanhado na pocilga e encaminhado para um local onde estava uma banca onde era colocado. Era seguro por alguns homens, O matador com um golpe certeiro feito por uma faca que por aqui se chamava sangradeira. O sangue corre para um alguidar no qual se colocava sal e vinho, tinha de ser mexido até arrefecer para não coagular. Esse sangue era aproveitado para fazer as morcelas.
Seguia-se a chamusca para limpar a pele dos pelos. Regra geral utilizava-se carqueja seca previamente.. Eram lavados abertos ao meio e pendurados no teto da loja, ai. ficavam para o dia seguinte.

As tripas eram lavadas regra geral, por mulheres, em água corrente nos ribeiros..Para o efeito utiliza-se sal, vinagre e limão, depois de bem lavadas eram utilizadas na confeção dos enchidos.. Nesse dia à noite, eram feitas as morcelas.

No dia seguinte era o dia da desmancha, as carnes eram separadas; uma para serem salgadas e guardadas na salgadeira e outras para fazerem os enchidos..
Havia o costume de trocarem os presuntos por carne gorda. Esta temperava melhor a hortaliça e rendia mais. porque o toucinho da troca era mais do que o presunto,
Como aperitivos eram servidas morcelas assadas e lombo assado acompanhado por água-pé ou vinho.
Esta primeira parte era feita pelos homens. 
Depois das carnes separadas as mulheres cortavam-na em cubos pequenos . depois de cortadas eram temperadas e aguardava-se algum tempo para fazer os variados enchidos.
Ao almoço era servido uma espécie de cozido com as carnes frescas do porco e morcelas.

Eram dois dias de são convívio, adultos e crianças faziam uma pausa na rotina diária..

Receitas dos enchidos:
Estas receitas podem variar de família para família:.

Morcelas
-As gorduras das tripas de um porco,. A gordura deve ser cortada muito fina, 
-200 gramas de cominhos
-O sangue de um porco. Pode juntar um pouco de vinho branco
-Sal e alhos picados

No alguidar onde se aparou o sangue junta-se o vinho, o sal, a gordura cortada muito fina, os cominhos e os alhos picados.tem-se as tripas que foram previamente lavadas com sal, limão e vinagre. Enche-se as tripas com essa mistura e coze-se com uma agulha e linha.Depois das tripas cheias colocam-se numa panela com água a ferver. Para saber se estão cozidas pics-se com uma agulha se sair liquido incolor estão pronta. Depois disso tiram-se e poem-se ao fumeiro durante três ou quatro dias.
Depois de secas eram guardadas em talhas de azeite. Comem-se cozidas ou assadas são um bom acompanhamento para couves cozidas..


Chouriços

Febras de porco
Alho
Vinho branco sal
Pimentão ou colorau

As febras cortadas em cubos pequenos são colocam-se num alguidar temperam-se com alho picado, sal , vinho e o pimentão. Este preparado deve ser mexido durante três dias. Depois disso encem-se tripas e põe-se a secar no fumeiro durante oito ou dez dias.
Depois de secas limpam-se e guardam-se em potes de barro em azeite.
Os chouriços eram comidos durante o ano.


Farinheiras

8 kg de farinha
5 quilos de gordura
Uma cabeça de alhos grande
2,5 dcl de azeite
7,5 dcl de vinho branco

A gordura cortada finamente e coloca-se no alguidar, junta-se o alho picado , o sal e o vinho. Deixa-se repousar dois ou três dias mexendo todos os dias.
No fim deste tempo deita-se água quente até cobrir a gordura, junta-se a farinha e o azeite. mexe-se bem enchem-se as tripas.e depois de prontas, lavam-se, e penduram-se no fumeiro.
Depois de secas guardam-se em potes de barro em azeite.
Comem-se durante o ano.



 

Sunday, January 20, 2019

Tradições, o fabrico do pão

O pão da minha infância

O pão, desde tempos antigos, faz parte da alimentação humana, o pão levedado seria descoberto no Egipto no ano 6000 aC.
 Alguns povos usam o pão Azímo, não tem fermento.

O fabrico do pão não era um processo simples. Na maioria das casas, começava-se pela sementeira do cereal até à transformação do grão em farinha  O grão era moído em moinhos movidos a água ou a  vento, só depois era feito o pão.

Na minha casa, lembro-me como se desenrolava todo esse processo.

Semeava-se o trigo em terras de sequeiro. A terra era lavrada ou cavada por homens. Depois da terra preparada, fazia-se a sementeira. O trigo nascia mas quase sempre acompanhado de ervas daninhas que era necessário arrancar. Quando as searas estavam douradas era sinal que estavam prontas para serem ceifadas. 
Depois do trigo cortado eram feitos molhos que eram transportados para a eira. Esta era feita com enormes lages. O cereal era malhado por homens com moeiras que iam batendo no cereal para tirar todo o grão. Outro processo era a utilização de animais, estes pisavam-no obrigando a sair o grão do seu casulo. Para as crianças era um dia de festa, brincavam na palha e depois havia merenda melhorada.
O grão limpo da palha era guardado em grandes arcas de madeira.
Esperava-se pelo inverno para a água poder mover os moinhos para obter a farinha, que iria dar origem ao saboroso pão de trigo.

A confeção do pão propriamente dita;
Em maceiras feitas de madeira ou alguidares de barro amassava-se a farinha com água morna, juntava.se um pouco de sal e fermento.
Depois de amassado repousava cerca de 4 horas em 
 ambiente aquecido.
Quando a massa dobrava de volume, estava pronta para moldar os pães que repousavam, mais um pouco, num tabuleiro de madeiro, forrado com uma toalha branca. Nesta altura, o forno previamente aquecido a lenha, estava pronto para os receber.
Passados menos de meia hora estavam prontos para nos alimentar.
O pão, muitas vezes, era guardado na arca do trigo para não endurecer. Havia pão para cerca de uma semana.
Tenho saudades desse pão.














Thursday, September 20, 2018

Passeio a Castelo de Vide, Marvão e Portas de Rodão

Passeio 2018 da ADRCSeada em 8 de setembro

Este ano o nosso passeio foi ao alto Alentejo, Castelo de Vide, Marvão e Portas de Rodâo.
É o 3º. ano que fazemos estes pequenos passeios, a Câmara Municipal de Vila de Rei tem apoiada com o .transporte. Os que aderem nunca são em grande número, é pena não aproveitar estas iniciativas, onde a descoberta e o convívio são uma constante. 
Desde o primeiro ano o meu neto mais velho tem-me acompanhado, este ano também veio o primo de quatro anos, foram incríveis estavam sempre prontos para acompanharem os mais aventureiros.

A partida agendada para as 8 horas o motorista não aparecia. Espera.se e desespera-se. Telefona-se para o motorista. - do outro lado diz - o passeio não é amanhã?
Não estão todos à espera o que fazemos?
Novo telefonema para quem agendou o serviço, verifica a papelada e admite o erro. O motorista que estava de folga teve de renunciar a um dia com a família e finalmente saímos com hora e meia de atraso.


Primeira paragem Castelo de Vide e, não conhecia e fiquei com vontade de lá voltar com mais calma .



Os que ficaram junto ao autocarro começam a estar impacientes, tem fome e querem almoçar. Todos regressam e lá vamos nós a caminho de Marvão para perto daí almoçar junto a praia fluvial. Sitio espetacular com mesas junto de água corrente, café por perto com casas de banho bem cuidadas. Os meios netos no fim do almoço partilhado tiveram direito a um delicioso gelado.


De novo no autocarro, vamos visitar Marvão. temos uma hora para o fazer, eu os meus netos perdemo-nos pelas ruas de Marvão e foi uma descoberta espetacular que acabou com a visita ao castelo. As paisagens que se vê dali são fabulosas e os meus netos adoram toda esta aventura.

Por fim passagem pelas portas de ródão e regressamos cansados mas muito felizes. Correu tudo muito bem  para o ano há mais. . 

Wednesday, September 19, 2018

Os netos e avós

Férias de verão com os meus netos

Sou uma avó babada de seis netos. atualmente vivo na aldeia da Seada, Vila de Rei no Distrito de Castelo Branco. A Seada tem poucos habitantes em permanência e alguns deles com idade avançada. Os meus netos de vez em quando vem estar comigo uns dias. Mas no verão estão mais tempo.

A minha casa está vazia depois de 2 meses com os meus netos. Foram dias muito intensos .Tem muita energia e por vezes não os consigo acompanhar.
Mas foi tão gratificante, os passeios pelos montes da minha aldeia. 
-Avó traz um saco para apanharmos pinhas para acender a lareira no inverno. E o saco quase sempre vinha cheio. 
-Avó leva o saco para trazer caruma para a casa das galinhas. E o saco trazia a caruma e ajudavam-me a colocar na capoeira.
-Avó vamos tratar das galinhas quero ver se há ovos.
-Avó vamos para a horta quero plantar as plantas que compramos no mercado.
-Avó hoje vamos à praia fluvial do Penedo Furado quero ver os peixinhos e nadar naquela água limpinha. Mas amanhã vamos para as Fernandaires, também tem uma água maravilhosa.e queremos ir ao miradouro para apreciar a paisagem.
No dia a seguir fomos à praia fluvial do Bostelim, ficaram encantados com as rãs.

Também fizemos passeios mais longos propostos por mim.

Meninos hoje vamos passear até ao Brejo. Fomos pela tapada, apanhamos o caminho do Piçarrão, passamos pelo forno das moiras direitinhos ao olheiro do brejo. A nascente continua como a conheci com água corrente, onde podemos .matar a sede. Continuamos rodeando a serra Maria Tomé, a estrada panorâmica que vem das Fernandaires foi o fim do nosso passeio. A noite já espreitava quando chegamos a casa.

No dia seguinte foi a vez de ir ao cume da serra Maria Tomé onde se encontra o picoto, a jornada tem algum grau de dificuldade mas portaram-se muito bem e tiramos fotos fantásticas.

Um dos dias fomos visitar o lugar da Aldeia onde a minha mãe nasceu. Os meninos ficaram maravilhados ao verem as casas desertas e quase em ruínas. Perguntam. Avó porque é que não mora cá ninguém e eu sem saber o que responder. Lá fui explicando como nasceu o lugar da Aldeia, como lá fui feliz. E agora está vazio.  

Foram dias muito preenchidos e muito gratificantes
É um privilégio este convívio é bom para os mais novos e para os mais velhos.








Tuesday, September 18, 2018

Contos urbanos de Ricardo Ramos Pessoa

No passado dia 15 foi a apresentação do livro Contos Urbanos de Ricardo Ramos Pessoa, na feira do livro no Porto.  É uma obra interessante de fácil leitura onde se dá valor ao amor e família.

"São três contos onde a normalidade ocidental se mistura com o inesperado, o insólito, uma espécie de alegoria da vida moderna, onde o relativismo inconsequente pode levar o comum dos mortais tanto a viver toda uma vida sensaborona como de repente a içar-se ao cume da tragédia, sua ou dos outros., como se a distância entre o bem e o mal estivesse à distância dum clique da vontade de cada um. Apesar disso, há em da conto um final sábio e cheio de intencionalidade, trazendo-nos a revelação, velha como a história humana, a solução continuam a ser o amor e a família."

Neste seu trabalho O Ricardo Ramos Pessoa mostra-nos como é possível sermos donos do nosso destino mesmo em situações adversas podemos sempre começar.
Escolhe o amor, a fidelidade e a família mesmo em situções em que seria fácil ir por outros caminhos.