Wednesday, September 26, 2007

Quero ser um televisor

"Uma professora do ensino básico pediu aos alunos que fizessem uma redacção sobre o que gostariam que Deus fizesse por eles.
Ao fim da tarde, quando corrigia as redacções, leu uma que a deixou muito emocionada. O marido, acabava de entrar, viu-a chorar e perguntou:
- O que é que aconteceu?
Ela respondeu: "Lê isto". Era a redacção de um aluno.
"Senhor, esta noite peço-te algo especial: transforma-me num televisor.
Quero ocupar o lugar dele. Viver como vive a TV da minha casa. Ter um lugar especial para mim, e reunir a minha família à volta...
Ser levado a sério quando falo...
Quero ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções nem perguntas.
Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona e ter a companhia do meu pai quando ele chega a casa, mesmo quando está cansado.
E que a minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de me ignorar. E ainda, que os meus irmãos se peguem para estar comigo.
Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando para passar alguns momentos comigo. E, por fim, faz com que eu possa diverti-los a todos. Senhor não te peço muito....
Só quero viver o que vive qualquer televisor.
Naquele momento, o marido de Ana Maria disse: Meu Deus, coitado desse miúdo! E ela olhou-o e respondeu:
-"Essa redacção é do nosso filho"."

Este texto foi publicado no boletim paroquial de Vila de Rei nº.250 Julho de 2007

Quantos de nós pensamos que são só os outros que ajem mal e nós nem nos apercebemos, como andamos atarefados nesta vida que passa tão depressa, que fazemos exactamente o mesmo.

Wednesday, September 19, 2007

“Madona” veio para ficar

Ontem tive um dia muito agitado. Muita coisa para resolver no trabalho e a nível pessoal a agitação ainda foi maior. Cheguei a casa com a cabeça a latejar. Quando pensava que o dia ia ficar por ali fiquei surpreendida, pela positiva, com a nova habitante que os meus filhos resolveram adoptar. É a “madona” uma adorável gatinha com mês e meio de idade. Parece que tem bom feitio. Já passou o serão a brincar e dormiu toda a noite.

Espero que ela seja uma boa companhia como foi o “tobias”, seu antecessor.

Os meus filhos são maravilhosos dedico-lhes este poema de Eugénio de Andrade.

"Acerca de gatos

Em abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhora dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo."
Acordar cedo

Hoje tive de me levantar muito cedo para ir para a fila do centro de saúde para poder marcar uma consulta. Ninguém, em seu perfeito juizo, gosta de estar de pé e ao ar livre horas à espera, que o centro de saúde abra, para poder ter uma consulta. Mas, para mim, o pior é levantar-me cedo, porque a espera pode ser atenuada com a leitura de um livro. Enquanto esperava li o Editorial do jornal Destak assinado pela jornalista Isabel Stiwel. Ela refere que, segundo um estudo da Netsonda encomendado pela Philips, 89% dos Portugueses não gosta de acordar cedo. Fiquei feliz por não estar sózinha e pertencer a uma maioria. Assim sossego a minha consciência e não me sinto perguiçosa por não gostar de sair da cama “com as galinhas”.

O estudo refere outras particularidades interessantes dos hábitos de acordar dos portugueses

Friday, September 14, 2007

Luta contra a rotina

Andamos tão preocupados com o passado e com o futuro que nos esquecemos de viver o presente. Esquecemos a capacidade que temos de contemplar o que nos rodeia no momento e nos pode dar momentos de muito prazer. O riso de uma criança, uma flor à beira do caminho, um painel de azulejos, por vezes, em prédios abandonados. Vivemos a rotina diária e esquecemo-nos de contemplar um pôr-do-sol, ir junto do mar e deixarmos embalar pelas ondas. São coisas simples que podemos fazer para tornar os dias diferentes.

Devíamos parar de vez em quando para fazer o balanço do que andamos a fazer da nossa vida e termos a coragem de fazer o que tem de ser feito para sermos felizes agora.

"Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos."

Eugénio de Andrade

Wednesday, September 05, 2007

As condicionantes da vida

Desde pequenos que somos condicionados pelo local onde vivemos e com quem nos relacionamos.
Isto não é uma critica é uma reflexão. Temos de aprender as regras da sociedade onde estamos inseridos. Mas não devemos ser passivos e, sem quebrar regras, podemos mudá-las sem ferir. Só assim as Sociedades vão evoluindo.
Levamos a vida a ouvir:
-Não mexas aí.
-Porta-te bem.
-Põe os olhos no teu irmão.
-Não faças isso porque parece mal.
-Tem cuidado, vê lá o que é que as pessoas vão dizer.
Estas e outras frases vão condicionando a nossa maneira de ser e estar na vida.
Os condicionalismos continuam. Vive-se a era do ter. Os objectos estão por todo o lado, as nossas casas estão cheias de coisas inúteis, mas quando passámos na loja pareceu-nos que não podíamos passar sem aqueles objectos. Vivemos para ter uma boa casa, um carro topo gama, bons serviços, bom vestuário, viajar até ao outro lado do mundo. Não há dúvida que vivemos num mundo maravilhoso mas, muitas vezes é-nos imposto contra a nossa vontade. Ele é mais forte do que nós e esquecemo-nos que esta vida é demasiado curta para fazer tantos sacrifícios para termos o que os outros têm e a felicidade não passa só pelo ter.
Cada um de nós tem os seus sonhos mas, quase sempre, não passam disso mesmo, calamo-nos e não agimos com medo de sermos ridículos. Vamos vivendo a vida dos outros e não temos coragem de viver a nossa.
Não é por acaso que as revista cor-de-rosa tem tanta saída. Nelas espreitamos a vida dos que saíram das normas e tiveram a coragem de fazer o que queriam na vida. Estes e outros não desistiram dos seus sonhos lutaram até chegar lá. Não arranjaram desculpas:
-Eu não sou capaz.
-Eu não tenho perfil.
-O que é que as pessoas iriam dizer.
Assim, vai passando o tempo, vivemos uma vida rotineira e arranjamos sempre desculpas para a nossa inércia. No entanto, continuamos a admirar aqueles que tiveram coragem de terem uma vida diferente e de acordo com os seus objectivos. Vivem felizes com os amigos e família, ajudam causas humanitárias, tem sucesso no que fazem, vestem coisas bonitas, apreciam o belo e o estético.
Por tudo isto não deixemos de sonhar e quando comparamos a nossa vida com aqueles que admiramos perguntemo-nos o que fizemos para o alcançar.
Sonhe em ter e ser o que sempre sonhou. E o ter pode ser mais importante do que ter objectos. Ter capacidade de: ajudar os que mais precisam, olhar um pôr-do-sol junto da pessoa amada, ir almoçar a um sítio que lhe traz boas recordações, concretizar aquele projecto adiado. Não desista de ser feliz

Respeitemos os outros mas em primeiro lugar respeitemo-nos.

Divirta-se a imaginar uma vida de sonho e escreva-a. Partilhe os seus sonhos e seja feliz.

Deus criou-nos para a felicidade.

Tuesday, September 04, 2007

O aniversário do meu Pai

Se estivesses connosco tinhas feito 94 anos no passado dia 31 de Julho. Lembrei-me de ti, estava de férias na nossa terra. Foram férias tranquilas, mas tu fizeste-me falta.
Sinto a tua falta, a tua maneira de ser, o modo como sempre te preocupaste connosco.
Sinto falta de pegar no telefone à hora combinada para ouvir a tua voz, porque tu nunca faltavas ao encontro.
Que saudades do teu sorriso, do teu olhar e do teu silêncio. Era uma forma eficaz de comunicares sem fazeres ruído.
E quando contavas as tuas histórias de vida, eram momentos, umas vezes engraçados e outras de grande aprendizagem.
Há momentos que me sinto criança e queria ouvir as tuas palavras sábias que só tu sabias dizer nos momentos difíceis
Embora tenha muitas saudades, não te preocupes, estarás sempre no meu coração e quando fecho os olhos vejo o teu rosto luminoso que me dá uma tranquilidade imensa e a certeza de conseguir resolver os meus problemas por mais difíceis que sejam.
Sorrio de novo e tenho a certeza que, apesar de lamentar a tua ausência física, tu constróis o nosso cantinho para, um dia, estarmos juntos de novo.

Monday, September 03, 2007

MENSAGEM A UM AMIGA


O interior do país não para de ficar cada vez mais deserto, os novos saem e os idosos vão morrendo mas antes disso tem de passar uma temporada num lar, parece moda.

Nós, os que podemos um pouco mais, arranjamos as mais diversas desculpas para os enterrarmos vivos, as famílias deveriam ter um papel mais activo no bem-estar deles. Eles não precisam de bens materiais, só querem continuar a ser pessoas donas da sua vontade e terem um pouco de atenção.

Quantas desculpas eles arranjam, com os olhos a brilhar de sofrimento, para não colocarem mal os familiares.

Os lares são instituições necessárias. Mas vieram aliviar muitas consciências, arranjam-se todas as desculpas para que os idosos os frequentem, e muitas vezes ainda capazes de estarem sozinhos. Mas convencem-nos, “se não aproveitar a vaga depois quando precisar não a tem”.

Este fim-de-semana fui mais uma vez à minha aldeia e fiquei incomodada porque mais uma amiga foi para o lar. Sem querer julgar ninguém, penso, que neste caso, havia outra alternativa.

Que Deus a ajude a ser a mulher coragem que sempre mostrou ser e aceite com serenidade esta nova vida.