Thursday, November 30, 2006

DIA DE ANOS
Ontem fizeste 28 anos, ao contrário do poema de João de Deus, espero que esta data se repita muitas vezes.
Deita fora os aborrecimentos, agarra as boas oportunidades para cresceres como pessoa de bem e como profissional de sucesso.
Sê feliz

Dia de Anos

João de Deus
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!
Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!

Wednesday, November 29, 2006

Aniversário da minha Mãe

Hoje é dia do aniversário do teu nascimento.
Partiste cedo e eu tenho tantas saudades, saudades do teu sorriso, da tua disponibilidade e da tua compreensão.
Às vezes, a vontade de estar contigo é tanta, que sinto a tua presença sorridente e tranquila e segredas-me: “ouve o teu coração e tudo correrá bem, mas não faças batota”. Sei que, se seguir o teu conselho, não tenho com que me preocupar porque tu, apesar de não saberes ler, deixaste-nos um grande tesouro. São os valores que dignificam o ser humano.
Apesar da tua partida prematura, deste mundo, sei que estás connosco a proteger-nos como sempre fizeste.

Ofereço-te este poema de Eugénio de Andrade.
Pequena elegia de setembro
Não sei como vieste, mas deve haver um caminho para regressar da morte.
Estás sentada no jardim, as mãos no regaço cheias de doçura, os olhos pousados nas últimas rosas dos grandes e calmos dias de setembro.
Que música escutas tão atentamente que não dás por mim? Que bosque, ou rio, ou mar? Ou é dentro de ti que tudo canta ainda?
Queria falar contigo, dizer-te apenas que estou aqui, mas tenho medo, medo que toda a música cesse e tu não possas mais olhar as rosas. Medo de quebrar o fio com que teces os dias sem memória.
Com que palavras ou beijos ou lágrimas se acordam os mortos sem os ferir, sem os trazer a esta espuma negra onde corpos e corpos se repetem, parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim, ó cheia de doçura, sentada, olhando as rosas, e tão alheia que nem dás por mim.

Tuesday, November 28, 2006

O meu Natal


Já falta pouco para ser Natal. Gosto do Natal, é tempo das famílias se reunirem, trocarem presentes e serem solidárias.
O meu Natal é como um jardim de rosas coloridas e perfumadas, mas com muitos espinhos.
Tento esquecê-los e não consigo. Tento outra vez e já os sinto mais suaves.
Tenho de treinar mais para poder usufruir o perfume das rosas e o seu colorido sem me lembrar dos espinhos. Tenho de passar o Natal em paz e estender essa paz a todo o ano. Só eu sou responsável por essa atitude.

Wednesday, November 22, 2006

O Aborto

Ao ler o artigo de opinião, no jornal Notícias da Manhã de 21 de Novembro, que abaixo transcrevo e não querendo julgar ninguém, dei comigo a pensar: Como é possível pensar fazer um aborto alegando falta de meios para criar um filho. Salvo raríssimas excepções, o nascimento de um filho é uma benção. Sei do que estou a falar. Tenho quatro filhos. Criei-os com poucos recursos e sempre em infantários, a família estava longe. Passado estes anos, os sacrifícios que fiz para os criar foram compensados. Tenho quatro filhos maravilhosos que são uma das minhas razões de viver. Agradeço a Deus todos os dias o facto de eu ser contra o aborto e o Pai deles também. Em minha opinião deveria haver mais informação a nível: de planeamento familiar, conhecimento de instituições que apoiam e acompanham a mulher na caminhada de ser mãe, se esta precisar de ajuda(Ex. Ajuda de Mãe)


"A Outra Face do Aborto

O Presidente da Republica entrou em período de reflexão sobre este assunto. Independentemente de todos os “sins” ou “nãos” que fizerem parte deste processo, há, na minha opinião, outro aspecto do aborto que deve ser abordado com a mulher, e com o casal, principalmente se este for despenalizado. E assim...Rita ainda se emocionava quando via uma criança pequena a brincar. Ninguém a preparara para a dor emocional resultante de um… da interrupção de uma gravidez. Suspirou, nem conseguia dizer a palavra ‘aborto’. Pudera, esta caracterizava tão bem o verdadeiro problema. Algo que era bom, lindo e cheio de vida - uma promessa de felicidade - era interrompido e tornado numa coisa, aberrante, sem beleza e morto. Afinal, quem andava a mentir às mulheres? Ao falar com outras que fizeram o mesmo, apercebeu-se de que todas - sem excepção - sentiam que, tal como ela, haviam perdido algo de insubstituível. Algumas falavam, inicialmente, com aparente desprendimento, mas quando ela admitia a sua dor concordavam. Mesmo aquelas que já tinham outros filhos partilhavam deste sentimento de perda. Nenhum filho podia substituir aquele, que nunca chegaram a conhecer.Ninguém a avisara desta faceta, nem da dor emocional que se seguiria após realizar a interrupção - também esta palavra se tornara odiosa. Todas as atenções foram para o acto cirúrgico em si, ou como se lhe quisesse chamar. Do ponto de vista físico, fora relativamente simples, mesmo que matizado pelo sentimento de culpa de quem faz algo de errado e acrescido pelo facto de ser feito às escondidas, ainda que nas melhores condições. Quanto a ela, era exactamente aqui que residia o âmago da questão. O assunto era habilmente resumido à sua dimensão física quando esse era o seu aspecto de somenos importância. O que estava em causa não era material, mas sim um ser vivo e, por isso, qualquer abordagem, segundo parâmetros meramente físicos, era incompleta e, consequentemente, inadequada, insuficiente e deficiente.Era assim que ela se sentia, deficiente na sua personalidade e capacidade de avaliar, inadequada no seu desempenho enquanto mulher e mãe, e insuficiente na sua capacidade de amar e no seu grau de responsabilidade. O que fizera fora de um egoísmo atroz. Hoje, Rita estava convencida que fora enganada, pois, como paciente, tinha o direito de ser informada de todas as consequências do que iria fazer. Mas… hesitou. A realidade era que, em última análise, a responsabilidade era sua e se queria mais informações devia-as ter pedido e até exigido. Ao admitir isto a si própria apercebeu-se de que não quisera ouvir ninguém sobre o assunto. Estas palavras, apesar de duras, pareciam restituir-lhe alguma calma - enfrentava finalmente a verdade. Hoje, passados já alguns anos, interrogava-se quanto tempo a dor emocional ainda a iria acompanhar. Mas que cultura estamos a construir? Não queremos ter um filho porque interfere, demais, com a nossa vida: dá trabalho, rouba-nos tempo, altera os nossos planos e implica despesas. “É um grande comprometimento trazer uma criança ao mundo nos dias de hoje com tanta droga, crime…” e “sei lá se serei boa mãe, se ela será feliz, se terá sucesso na vida”... Parecia que estava a falar em ter um cão em vez do filho que já estava dentro dela - naquela altura claro.Cada vez o prazer vem mais do que é material, previsível e descartável e num crescendo frenético. Nunca tivemos tanto tempo de ócio, tantas diversões e oportunidades ao nosso alcance. E pelos vistos isso só nos tornou mais egoístas. Vangloriamo-nos de viver supostamente muito melhor do que os nossos pais mas, afinal, somos prisioneiros do consumismo e do medo. Medo de não termos dinheiro, medo de não sabermos amar ou educar. Que vida é esta em que abdicamos de viver com medo dos riscos que venhamos a correr? É uma inversão total de valores e tudo isto apenas em algumas décadas. Para ela era um sinal de decadência vindoura de uma sociedade que, aparentemente, está no seu auge - tal como acontecera com Roma.E indagou: quantos de nós não existiríamos se os nossos pais se tivessem deixado intimidar por tais temores, pavores ou terrores?"

Virginia Costa Matos - Escritora
Texto adaptado do livro Lavada por Dentro

Tuesday, November 07, 2006

“É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.”

É lindo este poema de Eugénio de Andrade, vale a pena reflectir.

Thursday, November 02, 2006

Dia de finados
Mesmo sendo crente é-me difícil falar dos familiares e amigos, especialmente dos meus pais e da D. Ricardina, minha grande amiga, que partiram deste mundo. Privaram-me da sua companhia física mas continuam no meu coração. Por vezes a saudade é tanta que a voz embarga-se de emoção e começa a falhar quando as recordações se tornam presentes nos momentos passados com esses entes queridos. Esforço-me por recordá-los nos momentos felizes e esquecer o seu sofrimento e por vezes parece que sinto a sua presença. São os meus anjos da guarda.

“ Se conhecesse o mistério imenso
do Céu agora vivo,
este horizonte sem fim,
esta luz que tudo reveste e penetra...
Se amas, não chores!
Estou já absorvido no encanto de Deus,
na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor;
Uma ternura tão grande
que não dá para imaginar;
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo
pensa nesta casa
onde um dia
estaremos reunidos
para além da morte,
matando a sede
na fonte inesgotável da alegria
e do amor infinito.
Não chores,
se verdadeiramente me amas!”

S. Agostinho

Wednesday, November 01, 2006

Carta à Minha Mãe
"O sorriso"

"Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele, tirar a roupa,
ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso. "

Hoje, dia de todos os Santos, ofereço-te este poema de Eugénio de Andrade.
Partiste há muito tempo, mas penso em ti todos os dias. Sei que fazes parte dos Santos que hoje celebramos. Obrigada Mãe por ajudares os meus filhos a serem o que hoje são, pessoas de bem. Obrigada por lhes incutires o amor à nossa terra e por todo o carinho que lhes dispensaste, apesar de teres tido o teu tempo muito ocupado.
O mundo seria diferente se houvesse muitas pessoas como tu, sempre disponível e sempre generosa. Quando leio este poema recordo o teu lindo sorriso e agradeço a Deus de te ter tido como Mãe. Obrigada por tudo o que me deste.