Monday, August 27, 2007

Dizer não à solidão

Ontem, dia 26 de Agosto, fui ouvir o fadista Rodrigo à festa de Corroios. Nunca o tinha ouvido ao vivo. Gostei dos fados, da interpretação e da explicação que ele dava antes de cantar, explicava a história do poema, quem tinha sido o seu autor, tanto da letra como da música.

Às tantas no meio da conversa fala da solidão e diz algo parecido “por vezes a solidão é necessária, mas não se sentem com ela mais de três minutos e se ela teimar em ficar mandem-na embora”.

Fiquei a pensar nesta frase e concordo plenamente com ele, é tão fácil deixarmo-nos abraçar por ela e, se não formos fortes o suficiente para a mandar embora, instala-se para sempre junto de nós.

Foi um serão bem passado, com uma das minhas filhas, nas festas de Corroios no meio da multidão, e sobretudo, a ouvir o Rodrigo cantar. O cantor era agradável e a companhia era do melhor.

Friday, August 24, 2007

MAIS UM ANIVERSÁRIO


Os aniversários valem o que valem, mas, mesmo sem querer, fazemos uma avaliação do que fizemos e do que poderíamos ter feito.

Há trinta e três anos, perante o padre e a sociedade comprometi-me a uma vida a dois, para o bem e para o mal até que a morte nos separe.

Os filhos foram aparecendo, quatro, são a minha riqueza e a minha razão de viver. Nunca me poderei arrepender do passo que dei. Se me arrependesse era o mesmo que renunciar aos meus filhos e isso é impensável.

Quanto a viver junto da pessoa que lhes ajudou a dar o ser só o tempo o dirá. Temos tido muitas tempestades e ultimamente com poucas abertas. Mas os milagres existem. Quem sabe....

Espero que continuemos a lutar pela nossa felicidade caminhando lado a lado ou, se isso não for possível, que nos cruzemos de vez em quando respeitando a opção do outro.

Thursday, August 23, 2007

O nosso amigo “Tobias” deixou-nos


Hoje estou triste o meu amigo de quatro patas “O Tobias” deixou-nos. Era um gato que me fez muita companhia durante os sete anos que esteve connosco. Para cada membro da casa assim era o seu comportamento, sabia o que podia contar de cada um de nós. Comigo sabia que podia abusar. Quando eu chegava a casa lá estava ele junto da porta à minha espera. Quando me levantava lá vinha ele corredor fora roçar nas minhas pernas à espera de um carinho.
Fecho os olhos e imagino-o sobre o meu peito a ronronar enquanto eu vejo o filme.
A tristeza da sua partida é compensada pelas lembranças de tudo o que ele nos deu.
Não sei como é que se pode fazer mal ou abandonar um animal que tanto nos dá sem pedir nada em troca.

Friday, August 17, 2007

FÉRIAS DE VERÃO

Estive de férias na minha terra, no centro de Portugal. Três semanas de volta às raízes. Continua a ser uma terra fraca em recursos materiais mas muito rica em afectos.
É gratificante o tempo que passei com os residentes mais velhos. Ao ouvi-los contar as suas histórias de vida adquire-se um saber que não vem nos livros.
Dão-nos lições de vida, mesmo com poucas forças, lá vão cultivando a sua hortinha. Ajudam-se uns aos outros. A partilha é uma constante. Sabem bem o significado da solidariedade.

As idas às praias fluviais, as subidas na ribeira do codes com os peixinhos a roçarem os pés, a tranquilidade do local, a leitura de um dos livros de Miguel Torga, no silêncio da varanda.

E para completar, a visita dos filhos que deram um toque de muita felicidade às minhas férias.

É um privilégio meu, ter um cantinho para onde posso ir quando estou farta do corre corre urbano.

Nota: Tenho lá uns amiguinhos de quatro patas que fazem questão de me visitar quando lá estou: são quatro gatinhos e um cão. Os gatos são abandonados e vivem da caridade dos moradores e o cão é de um vizinho. São uns queridos.

Foram férias fantásticas.

Tuesday, August 14, 2007

Centenário do nascimento de Miguel Torga

A 12 de Agosto de 1907, nascia o escritor português Miguel Torga, pseudónimo
do médico Adolfo Rocha, em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes.

Ao longo da sua vida não se desliga das suas origens, da família, do meio rural e da natureza que o circunda. Nas suas obras estão presentes: o Pai, a Mãe, o professor primário, as fragas, as serranias, a magreza da terra, o suor para dela arrancar o pão, os próprios monumentos megalíticos em que a região é pródiga.
Tem um profundo afecto pela família. "Cortei o cabelo ao meu pai e fiz-lhe a barba...Foi sempre bonito, o velhote..."


Torga é o autor de várias obras literárias: "O Outro Livro de Job", "Cântico do Homem", "Contos da Montanha", "Bichos", "Vindima", "Fogo Preso" e de "A Criação do Mundo".
A sua obra é extensa e compreende várias dezenas de títulos, repartidos
por poesia, ficção, teatro, ensaio além do intenso "Diário".

Ao longo das décadas, Miguel Torga foi distinguido com os mais importantes
prémios literários, nacionais e internacionais, chegando a ser nomeado,
por várias vezes, para o Nobel da Literatura. A sua obra foi sempre publicada
em edição de autor, até 1999, quando uma casa editorial iniciou a publicação
da "Obra Completa".

O escritor adoptou o pseudónimo aos 27 anos, com a publicação do ensaio
"A Terceira Voz", em 1934. O apelido Torga tinha origem num arbusto particularmente
resistente, ligado à terra por raízes muito profundas. E o nome próprio
Miguel vinha dos escritores espanhóis Cervantes e Unamuno, do pintor, escultor
e arquitecto da Renascença Miguel Ângelo, e do anjo que vencera o demónio,
Miguel Arcanjo.

Ao longo das décadas, Miguel Torga foi distinguido com os mais importantes prémios literários, nacionais e internacionais, chegando a ser nomeado, por várias vezes, para o Nobel da Literatura. A sua obra foi sempre publicada em edição de autor, até 1999, quando uma casa editorial iniciou a publicação da "Obra Completa".


Miguel Torga morreu em Coimbra, a 17 de Janeiro de 1995.


Para celebrar o centenário do seu nascimento, em Coimbra é inaugurado um monumento e na sua terra natal várias iniciativas evocam o escritor, poeta e médico.